Algo que começou com um objetivo, mas que se tornou numa divagação/evento

Os blogues podem incluir conteúdos sensíveis ou desencadeadores. Aconselha-se a discrição do leitor.

O Mundo Interior tem estado... uma confusão ultimamente.

Estamos tão fragmentados que é de loucos.

Quando se trata do tamanho dos fragmentos que temos a nosso favor, não há... quase nada para eles.

Um breve lampejo de uma emoção ou memória.

Talvez uma espécie de nome, se tiverem estado suficientemente perto da frente, ou se pudermos dizer de que área geral do sistema são.

De certa forma, cada uma delas parece distinta.

Afinal, estão separados um do outro.

Vivemos assim há tanto tempo que não nos apercebemos de como era mau estarmos tão fragmentados.

O nosso terapeuta não é de insistir em alterar a integração/fusão, mas disse claramente que, para adquirirmos de facto a multiplicidade funcional, haverá de certeza integrações. Não forçada, nem sequer guiada por ela. Apenas... que isso vai acontecer connosco à medida que passamos pelo EMDR e processamos as coisas.

O problema que a maioria de nós está a experimentar... é que ainda vemos estes fragmentos como alters por si só. Nenhum de nós tem muita, ou nenhuma, variedade de emoções... a maioria de nós é fragmento. O que... infelizmente faz muito sentido.

Claro, alguns de nós são fragmentos maiores do que outros.

Mas continuamos a ser fragmentos na mesma.

Fragmentos que estão agora a fundir-se rapidamente em todo o lado.

As categorias que tínhamos em vigor... bem, foi-nos claramente atirado à cara que essas categorias não significavam nada.

Pensámos que sabíamos quais os fragmentos que iam para onde.

Pensámos que podíamos ver e recordar os múltiplos padrões de divisão.

Ah! Que tolos fomos nós com toda aquela farsa

Quase nada parece ser como pensámos.

Tudo agora é... um caos.

Confusão.

Uma estranha sensação de perda.

Culpa por sentir esta sensação de perda e tristeza porque toda a gente nos diz que "não há perda verdadeira". E eu sei que há uma grande probabilidade de algumas dessas pessoas estarem a ler isto agora, por isso quero dizer que não estamos zangados ou chateados de forma alguma com nenhum de vós. Apenas temos a tendência de confiar mais nos pensamentos das outras pessoas do que nos nossos... por isso, quando a nossa experiência parece tão diferente do que nos foi dito, pensamos automaticamente que estamos "errados" ou "quebrados" de alguma forma (obrigado unidades parentais. Vocês lixaram-nos em tantos sentidos, e é realmente difícil imaginar que isto alguma vez se vai resolver, mesmo com terapia com alguém que é INCRÍVEL quando se trata de D.I.D.)

Penso que a melhor forma de concetualizar a razão pela qual os pensamentos são tão diferentes para nós (e isto, infelizmente, é apenas uma teoria... não há forma de "provar" nada disto... é apenas a melhor explicação que o nosso sistema consegue encontrar) é que estamos tão fragmentados que, à medida que estes fragmentos se juntam em fragmentos maiores, apercebemo-nos de que já não conseguimos ver os pequenos pedaços com que começámos.

É como o pontilhismo. Cada "área" do nosso sistema tem MILHARES de fragmentos infinitesimais. À medida que cada um deles começa a coalescer, eles - como pontos de pigmento - juntam-se para formar uma imagem maior.

No entanto, quanto mais coalescentes e maiores se tornam estas peças (ou quadros, por analogia), mais difícil se torna ver, e muito menos reconhecer, os fragmentos (pontos de pigmento) com que começámos.

Por isso, para nós, há definitivamente um forte sentimento de perda e luto a espalhar-se no nosso sistema.

Sabemos que é uma coisa saudável. Ninguém aqui está a dizer que não é. O que estamos a dizer é mais no sentido de...

É... difícil ser mais saudável. É difícil. A cura requer tempo, paciência, mudanças. Nenhum dos quais é excecionalmente hábil em lidar.

Mas vai valer a pena.

Apesar de, no grande esquema das coisas, mal termos começado a fundir-nos, já podemos dizer que está a ajudar.

Já estamos a começar a ver alters que se separaram no último ano ou assim começarem a reformar-se. Sim, não são exatamente os mesmos que eram antes... passaram por mais. Cresceram/alteraram-se um pouco. Mas ver algumas identidades e rostos mais familiares no innerworld, e especialmente aqueles de que sentimos falta, tornou mais fácil aceitar aqueles que não são familiares também.

Com algumas destas pessoas a reformarem-se, também se tornou evidente o quão mau era o nosso último emprego. Estávamos a dividir quase todos os turnos... felizmente só tínhamos um por semana, mas mesmo assim

Estamos a dividir-nos quase todas as semanas.

Nem consigo imaginar o que deve ter sido para a nossa mulher/parceira de sistema ver. Chegar a casa todas as semanas e não saber quão mau tinha sido o nosso turno... quem poderia ter-se separado. Nem sequer saber em que estado (físico, emocional e mental) nos iam encontrar quando voltassem para casa

Com algumas das coisas que temos vindo a partilhar lentamente com eles... possivelmente até com o facto de que o nosso trabalho poderia muito facilmente ter-nos matado naquele dia.

Mas para nós... dividirmo-nos assim tanto era normal. E com tanta divisão, veio a amnésia e a dissociação para esconder de nós próprios o quão mau era realmente.

Caramba.

Escrever isto é... difícil.

É difícil admitir o quão mau foi.

É difícil admitir que nós próprios não conseguíamos ver como a situação era má.

(Lamento imenso, parceiro-sistema. Sei que nenhum de vós nos culpa por toda a situação... mas continuo a lamentar que tenhamos demorado tanto tempo a afastar-nos daquele emprego. E lamento que os nossos alters, preocupados com as finanças, continuem a pensar em voltar para lá sempre que temos sustos financeiros, como a água a congelar... e preocupados com a época de impostos que se aproxima. Estou muito contente por este ser o último ano fiscal em que temos de pagar tantas coisas estúpidas de "trabalho independente" daquele emprego estúpido. Quando este obstáculo for ultrapassado, sei que tudo o resto será MUITO mais fácil)

É difícil admitir que esta fase de cura, especialmente quando só agora estamos a começar esse processo, é difícil para nós.

Queremos ser saudáveis. Queremos ser "funcionais". Estamos definitivamente mais saudáveis do que alguma vez estivemos, o que já é um começo...

Mas, na verdade, sentimo-nos menos funcionais do que alguma vez nos sentimos.

Olhando para trás, pensamos: "Caramba, tenho saudades do tempo antes da auto-consciência... quando conseguíamos fazer coisas como tarefas domésticas, recados e afins sem grandes problemas".

Parece mesmo que a nossa funcionalidade caiu a pique desde que tomámos consciência de nós próprios.

No entanto, o nosso terapeuta não parece surpreendido com este facto.

Sabiam que a mudança rápida é algo como ter mais do que talvez dois alters a mudar para a frente no espaço de uma hora? (Posso ter percebido mal o nosso terapeuta, mas pelo menos parece ser assim que o qualificam)

Nós... trocamos mais vezes do que isso num minuto normal. Faz parte do território (de ferro, presumo) quando se chega à dimensão dos fragmentos que temos.

O nosso cérebro, agora que já não nos mascaramos como uma só pessoa, tornou-se uma sopa que depende muito da improvisação e da rotina.

Rotina que tem sido desorganizada com o facto de ter arranjado um novo emprego e ter um horário inconsistente.

Improviso que... falha cada vez mais à medida que nos encontramos em situações e conversas não rotineiras.

Basicamente, tudo o que nos mantinha vivos e a pretensão de uma entidade única está agora ativamente a causar-nos problemas...

Blah.

Nem sequer me lembro se tinha um objetivo concreto quando comecei a escrever isto, ou se estava apenas a divagar/aventar

Raios, estou cansado.

Eu sei que gostamos de comentar os posts dos outros, mesmo que seja só para que os autores saibam que as pessoas se preocupam com os seus pensamentos, sentimentos e com eles próprios. Mas temos vindo a sentir cada vez menos energia... bem como a ansiedade persistente de sermos irritantes, ou de os nossos comentários serem estranhos, inúteis e/ou indesejados.

Também podemos estar doentes, o que não ajuda com os problemas de energia, nem com as preocupações financeiras. Tivemos de comunicar alguns dos nossos sintomas esta manhã, e disseram-nos para ficar em casa... yay (sarcasmo). Apesar de estarmos stressados por irmos trabalhar hoje, perder um turno de salário também é stressante

Espero sinceramente que o nosso recurso por invalidez corra bem. Seria bom não ter de nos preocuparmos em trabalhar mais do que uma ou duas vezes por semana. Poderíamos realmente sentir que estamos a fazer mais do que apenas a pisar água

Sei que devíamos tirar o dia para descansar. Sair e comprar uma espécie de Pedialyte-coisa... mas, de resto, ir com calma.

Mas descansar é difícil.

Blah.

Estou cansada e só me apetece dormir. (Ainda bem que é suposto estarmos a descansar, certo? 🤦‍♂️) Devia ir ao Google e ver se o Dollar General ao fundo da rua já está aberto. Não quero lidar com o Walmart... especialmente porque acabaram de reorganizar tudo NOVAMENTE, por isso as coisas estão em sítios diferentes. (Já para não falar que ir à secção de bebés, onde o walmart guarda o pedialyte, é uma situação de flashback para os alters que se lembram dos nossos abortos)

Blá

Blá

Blá

Agora transformou-se definitivamente numa divagação/evento, se é que já não o tinha feito. Posso dizer que grupos maiores de alterações/fragmentos estão a mudar, o que torna difícil manter uma linha de pensamento.

O Dollar General só abre daqui a uma hora. Foda-se. Acho que vai ser no Walmart. Não quero esperar muito mais tempo para comprar Pedialyte, especialmente porque temos um medicamento diurético diário que temos de tomar dentro de uma hora...

Ugh

Aqui não vai nada

2 Comentários
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O sistema de fissuras estelares
4 meses atrás

<3 <3 <3

saoirse.t-e-c
Administrador
4 meses atrás

Acho que não há problema em sofrer um pouco quando surgem mudanças... a fusão é agridoce. Façam o que precisam de fazer para se curarem, vocês são os melhores especialistas no vosso sistema. Não estão errados nem quebrados, apenas são únicos. 🙂

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